terça-feira, 13 de setembro de 2011

SAÍDA



Um homem e uma mulher correm de um lado para o outro. Correm cada vez mais rápido. Correm sem rumo até chegar a exaustão, param de frente um com o outro ofegantes, sem forças, se olham com cuidado. Vão desacelerando a respiração e os olhos se encontram como que atraídos por um imã. Riem. Choram. Gritam. Se abraçam. Se afastam. Se afastam. Congelam.

ELA: Você aqui?

ELE: Eu! Assustou?

ELA: Não! Mas fiquei surpresa.

ELE: Você pode falar?

ELA: Falar? Eu não sabia que você queria falar comigo.

ELE: Muita coisa você não sabe sobre mim.

ELA: Acha memso que naõ sei?

(Silêncio)

ELE: Quer falar comigo?

ELA: Eu? Nunca fugi de você.

(Correm novamente por todo o palco)

ELE: Sim! Eu sei!

ELA: Mas eu estou bem.

ELE: Só isso.

ELA: O que mais?

ELE: Olha! (Mostra pra ela a mão esquerda. Param de correr.)

ELA: O que?

ELE: Sumiu!

ELA: Sumiu? Não entendi.

ELE: A marca. Lembra da marca que tinha por causa do sol.

ELA: (olhando a própria mão esquerda) Verdade! Sumiu! Eu... Bem!... Eu não tinha reparado.

ELE: Não sente falta?

ELA: Sinto... Sentia... Era um vazio que me ensurdecia.

ELE: Mas ainda sente? Não sente?

ELA: Não! Não sinto! Foi tanta falta... Tantos momentos sem ter com quem dividir mesmo com você ali... Pra falar a verdade nem percebi que não existe mais... A marca!

ELE: Eu sinto falta. Acho que sinto...

ELA: Acha? Por que? Não foi melhor ficar sem nenhuma marca.

ELE: E quem disse que fiquei sem nenhuma marca?

(Correm em câmera lenta. Gestos pesados e bem desenhados. Uma fuga lenta)

ELA: Vai embora!

ELE: Eu já fui. Já foi... Fomos... Esqueceu?

ELA: Não brinca com essas coisas. Não brinque mais comigo. Não! Não! Não!

ELE: Não estou brincando. Nunca brinquei. Nunca iludi e nem prometi nada que não pudesse cumprir. Só não fui capaz de perceber...

ELA: (Correm rápido e ele corre atrás dela) Não fala mais nada. É bom culpar o outro pela sua incapacidade de assumir o que sente.

ELE: Não aguenta ouvir a verdade? Soube muito bem como fazer com que eu perdesse o rumo da saída. Trouxe palavras no olhar que só eu pude ler. E agora foge! Foge! Foge! E eu? Diz! Eu corro! Corro! Corro... Pra você!

ELA: Não é verdade! Fui eu quem correu atrás de você. Te tocava com os olhos... Imaginava ... Sonhava... Queria incansavelmente tudo... E nunca ...

(Param de correr)

ELE: Nunca...

ELA: Disse o que queria.

ELE: Disse sim! Repetiu, blasfemou, iludiu, enganou, massacrou, pisou... Mas amou... amou... amou muito! Sim! Você não pode negar que amou... Pode?

ELA: Não...

ELE: Quebramos!

ELA: Estilhaçamos um ao outro. Eu pensei que seria fácil. Suportei demais...

ELE: Sabia que não seria... Sabia que não podíamos... Sabia ... E mesmo assim quis. Insistiu... Mas não foi capaz. Desistiu!

ELA: Eu tentei. Não sabe como tentei. Tentei sumir... Correr... Me esconder de tudo. Tentei não te ver... Tentei me anular pra poder continuar... Gestos tão sutis. Conheço cada significado deles. Nunca desisti. Fingi!

ELE: Você não teve força... Esperou de mim. Eu te dei tudo. Eu joguei pro ar tudo... Todos... Muito... Minha vida revirada... E você?

ELA: Não acreditei no seu silêncio. Era um abismo que me fazia ter medo. Muito medo. Não podia esperar mais. Eu queria ouvir da sua boca. Mas nada...

ELE: Eu dizia aos gritos em meu silêncio e você ouvia. Sabe o que eu dizia. Sentia o meu desespero... Só com você era transparente... Eu esperei. Esperei tanto... O que seria pra nós dois mais um pouco? Tão pouco. E agora... Por que desistiu assim? O que eu te fiz?

ELA: Nada! Sempre o nada que vinha de você. Eu queria mais que esse vazio. Essa incerteza que ao mesmo tempo é tão certa.
(Silêncio)

(Relógio e coração se confundem em um único som.)

ELE: Não tem saída!

ELA: A saída é essa.

ELE: Não consigo.

ELA: Quem disse que vamos conseguir?

ELE: Não posso!

ELA: É só querer...

(ELE e ELA se procuram sem se tocar. Os movimentos se confundem a uma valsa descompassada. Ambos se confundem com a ausência do toque. Com a busca pelo outro.)

ELE: É a saída. Pode perceber?

ELA: Sim. A entrada e a saída podem ter o mesmo significado... Podem ser uma só!

ELE: Nós escolhemos.

ELA: Esperar?

ELE: Fica.

ELA: Vai.

ELE: Vou?

ELA: Dizem que as pessoas já sabem com quem vão se encontrar antes de nascer.

ELE: Dizem que não existe antes e nem depois...

ELA: Mas eu sempre soube que ia te encontrar... Por isso acredito que exista o antes e depois...
ELE: Eu acho que existe o agora.

ELA: E quando tudo conspira pra que o encontro aconteça, mas que as pessoas não possam realmente se encontrar? Só resta o depois. Esperar...

ELE: Esperar o talvez... Parece ser mais fácil.

ELA: (Ri) Você fala de um jeito... Fica até engraçado.

ELE: Você ri de um jeito tão único... Tenho que te falar uma coisa.

ELA: Diga!

ELE: Não gosto da solidão.

ELA: Mas por que vive nela? Você escolheu por ela.

ELE: O que vou fazer se tiver que continuar assim?

ELA: Alguma coisa pra passar o tempo, esquecer, começar de novo... Você mesmo disse que não podemos. Por que insiste em me deixar assim. (Corre) Não acho a saída. Se é essa a saída... Me mostre! Me prove que é melhor. Prove! Prove e eu aceito.

ELE: Eu não sei!

ELA: Não sabe?

ELE: Nunca tive certeza ...

ELA: Eu sempre tive certeza. A certeza desse encontro... Por isso estou aqui ainda. Você mesmo sabe que não tem jeito.

(Se olham com paixão descontrolada. Ele se aproxima dela e se beijam longamente.)

ELE: Seu gosto.

ELA: Seu cheiro.

ELE: Seu...

ELA: Meu...

ELE: Não existe saída.

ELA: Tá tudo aqui dentro. Sem ter como sair.

ELE: Sem nenhuma saída.

ELA: Vai! Corre!

( Risos intensos. Correm muito... muito... muito... Muitos risos. Os risos e a corrida vão dando lugar ao silêncio. Pausa. Black out)



quarta-feira, 31 de agosto de 2011

MOSTRA DO GRUPO DE TEATRO ESTRADA CHEGA AO FIM













O evento começou no dia 29/07/11 e durante todo o mês de agosto Indaiatuba foi prestigiada com diversas atividades culturais em vários pontos da cidade.
O GRUPO DE TEATRO ESTRADA em comemoração aos seus 15 anos de existência, realizou junto a Secretária Municipal de Cultura mais de um mês com muitas atividades voltadas para o teatro.
Leituras dramáticas como: A FALECIDA, de Nelson Rodrigues, BILHETE, da querida Marici Salomão e JUIZ DE PAZ NA ROÇA, de Martins Pena ilustraram a imaginação de todos os presentes.
As peças SALTIMBANCOS e A MISSÃO com o Grupo de Teatro Estrada, MEIO DIA DO FIM, com a Cia Pessoal do Faroeste e VERSOS NA BAGAGEM, com a grande atriz Lucélia Machiavéli, nos surpreenderam e encantaram com a qualidade e respeito a essa arte sagrada.
Os workshops com Esther Antunes (Interpretação) e Alesandro Toller (Dramaturgia) plantaram muitas sementes nos artistas locais e deixaram um gostinho de quero mais em todos nós.
Tivemos também discussões sobre o fazer teatral nas nossas Mesas de Debates sobre Teatro no Interior, com Marcos Brytto, Marcelo Rosa, Edmar Venâncio e Paloma Dourado. A busca por novos meios de sobrevivência do teatro e a preocupação com o público que é educado a não ir ao teatro ou ir quando esse teatro for a cópia da televisão. A outra Mesa sobre Teatro Contemporâneo com Jairo Matos Antônio Salvador, Lucélia Machiavéli e Alessandro Toller, fez um panorama da nossa realidade artística no Brasil e principalmente em São Paulo.
A dramaturga Marici Salomão nos presenteou com sua sabedoria e experiência em uma palestra seguida de bate-papo, onde pontuou as prioridades e responsabilidades do artista diante da sua arte e do mundo.
E ainda temos mais uma semana de eventos. Sábado dia 03/09/11 das 09:00 às 15:00h temos Workshop de Direção com Ruy Filho e logo mais à noite a apresentação da sua peça com o Grupo Antro Exposto: Entulho Excesso às 20:00h no Teatro do CIAEI.
Domingo, dia 04/09/11 temos a peça infantil A FESTA DO FOLCLORE às 15:30 e às 20:00h a estréia da peça ENTREATOS também no Teatro do CIAEI encerrando as comemorações do aniversário do Grupo de Teatro Estrada.
Não percam.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011



Na primeira Mesa de Debate do Aniversário de 15 Anos do Grupo de Teatro Estrada, contamos com a presença de artistas que representaram cinco cidades na discussão sobre o Teatro no Interior foram elas: Indaiatuba, Paulínia, Campinas, Itu e Salto.
Todos colocaram suas realidades e problemas buscando novas soluções para que o teatro possa ter maior visibilidade pelo público e pelos próprios artistas que precisam se unir pra conquistar o seu espaço.
E a maior inimiga da difusão das artes em geral é a massificação de uma ideia de que só o que vem da televisão ou das capitais é que é bom.
A educação é a nossa maior aliada nessa luta pela construção de uma identidade cultural, não só o teatro, mas também todas as áreas passam por dificuldades para atrair público e apoio.
Marcos Brytto, Marcelo Rosa, Edmar Venâncio se juntaram comigo e aos artistas presentes nessa busca por diretrizes e ações concretas para melhorar as condições da atividade artística na região. A conversa se estendeu por duas horas de muita descontração e amor pela arte.
Como produzir, criar, chegar ao público, ser respeitado como artista?
A única resposta foi a de que temos que unir forças e fazer acontecer aproveitando as leis de incentivo, o apoio das empresas privadas e trabalhar muito pra levar a nossa arte pra todos os lugares possíveis e impossíveis.
Obrigada a todos que fizeram parte dessa noite onde mais uma vez pessoas se reúnem em nome da cultura e da educação do nosso país.
O evento continua e no dia 10/08/11 às 20:00h na Câmara Municipal temos a nossa primeira leitura dramática da peça A FALECIDA de Nelson Rodrigues. Uma tragédia carioca com a dramaturgia singular do eterno Nelson Rodrigues.
Dia 13/08/11 temos a peça "MEIO DIA DO FIM" do grupo Pessoal do Faroeste de São Paulo no Centro de Convenções Aydil Bonachela às 20:00h.
Dia 14/08/11 das 09:00 às 17:00h acontece o primeiro workshop da Mostra: WORKSHOP DE INTERPRETAÇÃO com Esther Antunes do Grupo Satyros de São Paulo.
INSCRICÕES pelo email: grupoestrada@grupoestrada.com.br
Contamos com a presença de todos.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

UM DIA...



Como deixar tudo acabar?

Não posso me conter ao ver você tão perto...

Tão longe...

Tão minha!

Não!

Tão sua...

Não!

Tão perdida em seu mundo de coisas...

Matéria...

Modelos...

Grandes nomes e status que te preenchem.

Será?

Me pergunto...

Como se sente?

Sente algo realmente?

Realmente...

Por que não me deixa sem esperanças?

Sem carinho... Sem o seu sorriso...

Ah! Esse sorriso!

Sem a lembrança desses olhos que me invadem...

Devastam... Devastam... Devastam...

Devastam impiedosamente.

Destroem tudo!

Mas a minha alma pede...

Me abrace! Me abrace! Me abrace...

Me abrace forte! Mais forte! Bem forte...

Sem pensar em nada...

Sem fugir...

Sem medo...

Sem querer que eu me vá...

Sem ter que partir!

Por que tudo parece ser tão impossível?

Tudo é possível...

Possível...

Não quero te ver ao meu lado!

MENTIRA!

É verdade! Não quero!

MENTIRA!

Você não é real.

MENTIRA! MENTIRA! MENTIRA! MENTIRA!

Não adianta...

NEGO... NEGO... NEGO...

NEGO! NEGO! NEGO!

NEGO MIL VEZES!

Renego o que sinto!

Minto pra que meu coração acredite e não mais te busque insaciável.

Não COMPREENDO!

Não COMPREENDO!

Não COMPREENDO!

EU!

Grito...

EU!

Grito...

EU!

Grito...

EU!

Grito...

EU!

Grito...

EU!

Grito...

EU!

Grito...

EU!

GRITO MUITO!

Descarrego essa ânsia que vem da angustia de te ver tão perto...

Tão longe!

Longe demais...

Longe!

Perto demais.

Perto!

Ao alcance dos braços...

Mas longe...

Muito longe...

Longe de ser real.

Meu surreal.

Imaterial...

Em meus sonhos...

Material é o toque do beijo, o abraço quente e as palavras que saem da sua boca e entram pelos meus ouvidos...

AH! AH! AH! AH! AH! AH!

Me enlouquece...

Me enlouquece...

ENLOUQUECE!

Enlouqueço!

Você leu o meu delírio...

Li o seus olhos!

Ouvi o seu canto!

Senti o sabor doce da sua busca incontrolável...

Me fez ver o seu íntimo...

Através dos seus olhos.

Mas você não vê.

Não vê?

Ouve o vazio...

Um vazio que transborda... Alaga... Derrama...

Asfixia!

Ouço seu grito...

Seu grito...

O seu...

Seu...

Seu SILÊNCIO!

SILÊNCIO...

SILÊNCIO...

Um SILÊNCIO infinito!

O meu delírio revirou seu mundo estável...

Seu mundo seguro...

Seu mundo inatingível.

A-TIN-GI-DO!

No mais sólido.

Devastado!

Quero te desestabilizar...

Desestruturar...

Derrubar as suas barreiras...

Como vai ser?

Como vai ser?

Como vai ser?

Me diz!

DIZ!

Consegue imaginar o caus?

Quebrar os muros...

Quebrar as pedras...

QUEBRAR AS REGRAS!

As malditas regras!

RECRIAR as LEIS.

Extinguir os obstáculos...

Chegar ao seu pólen.

Sentir as suas pétalas...

Pétalas... caule... raiz...

Macia... Perfumada... Frágil!

Minha linda flor...

Minha flor!

Desabroche novamente...

Desabroche.

Refloresça pra mim os seus sentidos.

Regue-se com tudo o que eu tenho pra te dar...

Fortaleça!

Viva!

Viva...

Viva...

Viva...

VOLTE A VIDA!

Pode vir!

Olhe pra mim.

Dance comigo.

Sinta a melodia...

Sinta o som que vem de VOCÊ quando encontra o meu olhar.

Pode sentir?

Ouça o som que vem de mim quanto EU encontro o seu olhar.

Sinta...

Dance...

Se solte...

Piegas?

Eu?

Sim!

Sou mesmo.

Admito te amar da maneira mais piegas e romântica que possa existir.

Com poesias de amor...

Cartões...

Flores...

Sei que você quer voltar a sentir...

Passa o tempo e eu estou só...

Você... Sozinha... Sozinha... Sozinha e vazia!

Absolutamente inaceitável.

Ficar assim...

Você pode!

Pode sim.

Eu posso!

Posso sim.

Tudo...

Tudo... Tudo... Tudo... Tudo...

TUDO!

TUDO MESMO!

Não existem limites...

Clichê?

Sim!

Clichê!

(Silêncio)

Onde foi que encontrei seu foco?

Por que me fez focar você?

Onde nossas pupilas se tornaram uma só?

Eu não quero...

MENTIRA!

Vou esquecer.

MENTIRA! MENTIRA! MENTIRA!

(Silêncio)

Não consigo...

Desculpa... Desculpas... Desculpa... Desculpas... Desculpa...

Medos... Medos... Medos...

MEDO!

Muitos sentimentos confusos e revirados.

Vá embora!

Vá!

Vai logo!

Por favor!

VÁ...

(Silêncio)

Como pode ir se nunca veio realmente?

Responde?

Como esquecer...

O que não se tem?

Imagina ter.

Tem parcialmente.

Por quê?

Por quê?

Por quê?

(Pausa longa)

PERIGO! PERIGO! PERIGO!

RISCO DE VIDA!

ALTA TENSÃO!

RADIAÇÃO!

QUIMICAMENTE CONTRA INDICADO!

PERFUROCORTANTE!

Adrenalina...

Tensão...

Arrepios...

Química...

Muita química...

Em excesso...

PELE...

Entrou pelos poros e se alojou em todos os órgãos... Todos os órgãos!

Vitais...

Involuntariamente meu músculo cardíaco absorve...

LENTAMENTE...

VITAL... LETAL... FATAL...

Estou além do seu ideal.

Não posso atravessar a sua fantasia de imortal.

Superior.

Exterior.

Você perde as forças quando admite amar...

Perde as forças?

Percebe?

Forças...

Sua fraqueza está em não ter coragem.

Coragem!

Reacender o que nunca se apagou...

Seus olhos brilham...

Sua boca...

Suas mãos...

Sua pele...

Respire a pausa.

Transpire o desejo.

Enxergue...

Olhe além.

Me vê?

Feche os olhos e veja que imagem aparece...

Não rejeite a minha mão...

Não chore sozinha.

Sozinha...

Não chore!

POR FA- VOR!

Por favor!

Tento falar...

Tento te despertar...

Tento te tocar...

Tento voltar e falar mais alto...

Você ouve e finge não entender.

Teme ouvir.

Não quer se perder nos seus sonhos...

Mas não posso desistir.

Já tentei.

Fracassei quando vi você passar novamente diante dos meus olhos.

(RISOS)

Que melodramático!

Mas é isso mesmo.

Meu drama!

Seu drama!

Dramas...

Não sei mais onde vou...

Quem sou...

Mas sei o que quero...

VOCÊ! VOCÊ! VOCÊ! VOCÊ!

Só você...

Imensamente piegas novamente.

Mas é isso!

Não vou disfarçar, nem esconder ...

Danem-se seus preconceitos medíocres.

Olhe no que deu.

Veja no que você se transformou.

Não pode negar-se a vida toda.

Tá tudo bem?

Feliz?

Tudo o que você queria era essa vida?

Verdade?

Tão bom conquistar o que desejamos.

Trabalho... Sucesso... Dinheiro...

Sozinha!

Sim.

Tudo sozinha.

SOZINHA!

Sem ninguém.

Não acredita em ninguém.

Só...

Acredita apenas no sólido.

Material.

Recompensas palpáveis.

Esta feliz?

Nada de sentimento.

Esqueça!

Sentir te fragiliza eu já te disse.

(Pausa)

E é assim...

Eu...

Eu vou seguindo o meu caminho.

Você o seu...

Nada demais.

Repara?

Percebe?

Claro que sim.

Ou não?

Os caminhos são paralelos...

Estreitos... Cruzando-se sempre em algum ponto...

Tento te esquecer...

Mas...

Como sabe...

Músculo involuntário...

Ele sente por mim.

Não posso controlar.

E assim vamos indo.

Que vontade de me prender em seus cabelos... Deitar no seu colo... Beijar demoradamente os seus lábios sem pensar no tempo...

Nas horas...

Na sua partida.

Na recusa.

No medo.

Na ausência.

Pensar apenas...

Na vida.

Na minha...

Na sua...

Na nossa...

VIDA!

Caminhos independentes... paralelos...

Mas cruzados.

Olha...

Eu...

Não adianta.

Não existem palavras para resumir tudo isso.

Confuso.

Triste.

Intenso...

Intenso até demais.

Eu espero...

Tenho que esperar.

Não consigo fugir...

Tento, mas não posso.

Espero...

Um dia...

Um dia...

Um dia bem próximo.

Vai ser diferente.

Eu espero.

Espero de verdade!

Um dia... Um dia... Espero... Um dia... Um dia... Um dia... Um dia...
Eu espero... Repito... Espero... Espero muito... Que um dia...

REALMENTE...

Um dia...

Espero eu...

Que nesse dia...

Você volte a viver.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

GRUPO DE TEATRO ESTRADA COMEMORA 15 ANOS




O Grupo de Teatro Estrada de Indaiatuba, promove junto com a Secretaria de Cultura um mês de atividades voltadas para o teatro.
A Mostra oferece ao público em geral peças, workshops, mesas de debates, leituras dramáticas, palestras e ensaios abertos do dia 30/07/11 à 04/09/11.
As inscrições para os workshops deve ser feita pelo email:

grupoestrada@grupoestrada.com.br

INTERPRETAÇÃO dia 14/08/11 das 09:00 às 17:00h: Esther Antunes ( Atriz, diretora e professora do Grupo Satyros)

DRAMATURGIA dia 21/08/11 da 09:00 às 17:00h: Alessandro Toller (Formador do curso de dramaturgia da SP Escola de Teatro)

DIREÇÃO dia 02/09/11 das 19:00 às 23:00h e dia 03/09/11 das 09:00 às 13:00h: Ruy Filho (Diretor e dramaturgo do Grupo Antro Exposto)

Cada workshop tem 30 vagas que serão preenchidas conforme a ordem das inscrições.
Confiram a programação no site: www.grupoestrada.com.br
Essa semana teremos no dia 03/08 a Mesa de Debates sobre O TEATRO NO INTERIOR, com Marcos Brytto, Marcelo Rosa, Paloma Dourado e Edmar Venâncio- Câmara Municipal de Indaiatuba às 20:00h.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

JANELAS


Luz apenas em seus rostos

UM

Abra logo as janelas!

Rápido!

Deixe que entre...

OUTRO

Espere!

UM

Abra também todas as portas. Agora!

(Luz cegando a todos)

OUTRO

Não quero! Feche! Estou ficando cega!

UM

Saia daí! Reage! Precisa se mover.

OUTRO

Isso é desnecessário.

(Ambos iluminados sutilmente, se tornam quase uma sombra)

UM

Não tem que se sentir confortável... Estável... Está frio... Escuro...

Pra que tanto silêncio?

OUTRO

Eu gosto do silêncio. Ele me fala mais que esse turbilhão de ruídos.

Ouça! O- U- ÇA-! Ouvir o que vem daqui... Daqui... Só ouvir!

Você é capaz?

(Som de máquinas, multidão e carros)

UM

Mania de introspecção.

Abra agora essas janelas...

OUTRO

Meus nervos estão expostos.

Me isolo.

Me estouro.

Me arrebento.

Agüento o vazio e rompo com tudo isso.

UM

Preencha!

Insignificante... Insignificável...

Signifique!

OUTRO

As janelas são altas. Muito altas! Imensamente altas...

Olhe!

Pode ser fatal! Não quero cair.

Cair de novo... de novo... de novo... de novo e de novo.

Arrebentar no chão todos os ossos. Deixá-los expostos.

UM

Faz parte do combinado.

Os ossos intactos não sabem o valor do renascimento.

RENASCER! RESSUCITAR! RECOMENÇAR!

Mesquinha! Egoísta! Incapaz! Pretensiosa! Melindrosa...

Vai!

Abre as asas...

OUTRO

Asas! Asas... Não sou um pássaro... Nem um inseto!

Inseto... Insetos... Incertos vôos...

Quero o meu silêncio! Psiu!

Fechem. Fechem tudo. Janelas, portas, qualquer entrada de luz.

UM

Insuportável!

Vai ser bombardeado pelo seu próprio mundo.

Imoral!

Substituível!

OUTRO

Imortal!

Infinito!

Não escolha por mim.

Não deve.

UM

Mortal...

Finito...

Lastimavelmente... Covarde!

Covarde! Covarde! Covarde! Covarde! Covarde! Covarde! Covarde! Covarde! Covarde! Covarde! Covarde! Covarde! Covarde! Covarde! Covarde! Covarde! Covarde! Covarde!

Repita comigo. CO- VAR- DE!

OUTRO

Não sou! Não sou! Não sou!

Me tornei algo!

Me tornaram algo!

Me impuseram algo.

Você! Eu?

Você? Eu!

Você! Eu?

EU EU EU EU EU EU EU EU EU EU EU EU EU EU EU EU EU EU EU EU EU EU EU

EU EU EU EU EU EU EU EU EU EU EU EU EU EU EU EU EU EU EU EU EU EU EU

EU EU EU EU EU EU EU EU EU EU EU EU EU EU EU EU EU EU EU EU EU EU EU

Pensamento positivo!

(Risos)

UM

Abra as janelas. Veja-se no espelho. Se olhe!

NADA!

Recomece. A... BRA... A... BRA...

OUTRO

Fecho!

FE... CHO... FE... CHO... FE... CHO...

Logo meus cabelos vão ficar brancos. E meu rosto... Meu rosto vai se encher de riscos profundos marcados pelo tempo...

UM
Cadê você?

OUTRO

Não me acho! Não me acho! Não me encaixo nesse TODO!

UM

Você ontem!

Você hoje!

Você amanhã...

Você...

Depende de VO- CÊ!

OUTRO

Me diz...

E as janelas?

Por que são tão altas?

Vou abrir só as portas.

Tá muito escuro.

Vou voar...

Não! É muito alto!

UM

O seu silêncio?

Um suicídio involuntário.

Nada a dizer de concreto.

Subtexto... Contexto... Tudo desconexo!

OUTRO

Tá quente. Muito quente! Cada vez mais abafado... Sufocando... Asfixiando... Ar! Vento! Fôlego... (Respiração acelerada) Asfixiando...

Ar! Ar! Ar!...

UM

Não adianta querer entender. Não existe um certo ou errado. Tudo é possível se você estiver falando a verdade...

Escolhas. Lembra?

As suas... As minhas... As nossas...

OUTRO

As de todos!

UM

Olhos...

OUTRO

Você olhou!

UM

Mãos...

OUTRO

Você tocou!

UM

Boca...

OUTRO

Você beijou!

UM
OLHEI... TOQUEI... BEIJEI...

OUTRO

Eu quis! Escolhi! Fui capaz!

UM

Voe! Veja as janelas.

OUTRO

A luz... Ela me move como uma folha solta no vento.

Sem rumo...

(Barulho de multidão ensurdecedor)

Feche! Não ouço nada. Não consigo pensar... É insuportável...

Quero o meu silêncio!

(Batidas de portas e janelas. Barulho de multidão para bruscamente)

UM

Eu vou...

Não consigo mais ficar aqui... Nessa prisão... Sua... Não minha...

OUTRO
Pode ir.

Voe!

Não precisa ficar.

UM
Tá abafado... Sufocante!

Escuro...

Silencioso demais pra mim.

(Se afasta)

OUTRO

Feche bem as janelas... E tranque as portas. Não quero que mais ninguém entre aqui... Mais ninguém!

Só o silêncio... Só o meu silêncio!

(Apenas seu rosto mantém-se iluminado. Portas e janelas se fecham. Silêncio. Black out)